domingo, 18 de janeiro de 2015

2015 - #1 - Teoria Geral do Esquecimento


"Porque, com todo o desplante, José Eduardo Agualusa copia-se a si próprio, recorta nacos de prosa de outros textos seus para encher este romance". Estas palavras pertencem a João Pedro George, a propósito de O Vendedor de Passados, criticando ainda as "referências repetidas, repisadas" de livro para livro usadas pelo escritor angolano (JPG, Não é fácil dizer bem).

Isto é certamente verdade, e aliás João Pedro George encarrega-se de o demonstrar naquele seu estilo minucioso e obsessivo. Agora se isto é censurável, já é outra questão. A mim estas "referências repetidas" nunca me incomodaram, contribuem para tornar a escrita de Agualusa inconfundível, reconhecível, da mesma maneira que reconhecemos sempre um filme de Woody Allen.

Talvez também contribuam para o limitar, é verdade. Porque neste livro, Teoria Geral do Esquecimento, o último que li dele, notei pela primeira vez  algum esgotamento do seu universo. É retomada pelo menos uma personagem de um livro anterior, Monte, o chefe da policia política, mas o problema não está aí, está em que pela primeira vez achei que estava a ler mais do mesmo, mas não tão bom.

Caso tivesse começado por aqui (tenho lido a sua obra de forma errática, não cronológica) iria ter esta sensação mais tarde noutro livro qualquer? Não sei, talvez. Ainda me falta ler um romance seu anterior (Estação das Chuvas), pelo que poderá, ou não, servir de prova dos nove.

Descobri Agualusa com Um estranho em Goa, que se mantém o meu favorito com Milagrário Pessoal, outra 'pequena maravilha', para citar Clara Ferreira Alves na contracapa do primeiro. Mas todos os seus restantes romances (dos contos li pouco) me merecem uma nota alta, e este, baixando um pouco a média, acaba por não ser excepção.
No meu bloco notas apontei 4 (em 5), depois acrescentei um "-" ao 4, mas talvez 3,5 seja o mais adequado.

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