quinta-feira, 30 de maio de 2013

Tudo o que disseres agora, eu acredito


A neblina do passado, Leonardo Padura (2)
Uma punhalada no escuro, Lawrence Block (2,5)
Viva México, Alexandra Lucas Coelho (3,5)
Yoga para pessoas que não estão para fazer Yoga , Geoff Dyer (3,5)
Agosto, Ruben Fonseca (4)
Sul, Miguel Sousa Tavares (3,5)

[Notas de 0 a 5]



Valia a pena divagar um pouco sobre Alexandra Lucas Coelho, uma pessoa que escreve muito bem mas que é irritante à brava (a capacidade que tem de escolher, para testemunhar, pessoas que confirmem os seus pontos de vista a priori é impressionante; e quando por mero acaso erra numa escolha, desqualifica instantaneamente a pessoa; também é interessante ver a sua reacção quando os escolhidos para testemunhar o seu ponto de vista a priori a ignoram, como foi o caso dos dirigentes zapatistas: arrasa-os). Por isso gostei mais do seu livro de ficção (que reli, uma raridade) do que das suas 'peças' jornalísticas.

Já com Miguel Sousa Tavares é ao contrário: 'O meu deserto' ("quase romance") é uma valente porcaria sobranceira e cheia de lugares comuns, enquanto o seu diário de bordo de uma viagem ao Sahara (em que o dito "quase romance" também se baseia), 'A pista para Tamanrasset', é bem bom, cheio de idiossincrasias (como o seu hábito de massacrar sem pejo a burocracia dos países do terceiro mundo ou a sua permanente irritação com os turistas).

'Sul' é desequilibrado, tem textos que parece que não chegam a arrancar, que parece que foram escritos à pressa, mas tem coisas muito boas, incluindo uma bela citação do 'África minha', a propósito de um crepúsculo na varanda de madeira de um hotel em Guadalupe, enquanto bebe Ti-punch (a bebida nacional, à base de rum): [é como quando Meryl Strip diz para Robert Redford:] "Tudo o que disseres agora, eu acredito".

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